PASOK tenta reconquistar votos com criação de novo partido

A líder do PASOK, Fofi Gennimata, tira uma foto com apoiantes no bairro de Monastiraki, em Atenas

Formação de centro-esquerda quer quebrar domínio de Syriza e Nova Democracia. A secretária-geral dos socialistas e o fundador do To Potami são dois dos dez candidatos a líder.

Ocupar o espaço entre a Nova Democracia e o Syriza, mas também revitalizar o quase moribundo PASOK, é o objetivo da criação do novo partido de centro-esquerda na Grécia, que ainda não tem nome. A ideia vinha a ser falada, pelo menos, desde 2015, mas agora vai mesmo avançar. Já são conhecidos os dez candidatos à liderança desta nova força política, metade deles são socialistas, e a primeira ronda das eleições está marcada para 5 de novembro. Da lista destacam-se Fofi Gennimata, a secretária-geral do PASOK, e Stavros Theodorakis, o líder do To Potami.

"O que os iniciadores disto esperam conseguir é obter muitos eleitores do Syriza e quebrar o duopólio entre Nova Democracia e Syriza. Esta é uma possibilidade real: o Syriza aprovou mais medidas de austeridade cujo impacto está agora a sentir-se mais claramente, enquanto a Nova Democracia tem um líder respeitável, mas continua a ser um partido de patronos com influência local e laços familiares que duram há décadas. Por isso este pode ser um momento de oportunidade para o novo partido", explica ao DN Dimitris Tsarouhas, professor associado de Política Europeia na Universidade de Bilkent (Ancara) e secretário do Greek Politics Specialist Group (GPSG), uma rede internacional de especialistas em política grega.

A espinha dorsal deste novo partido é o PASOK, que começou a sua queda nas eleições de maio de 2012, quando foi ultrapassado pelo Syriza como a segunda maior força política, até à quase marginalização nas legislativas de janeiro de 2015, que deu a vitória ao partido de Alexis Tsipras e nas quais os socialistas se tornaram a força política com assento parlamentar menos votada. "Os partidos mais pequenos gregos aperceberam-se de que estão a tornar-se cada vez mais irrelevantes. Por isso, eles precisam de fazer algo para não serem ainda mais marginalizados", refere Vasilis Leontitsis, professor da Escola de Direito Europeu e Governação (Atenas) e outro dos elementos do GPSG.

Na opinião deste académico, a formação deste novo partido de centro-esquerda "mostra o engenho do PASOK em tentar manter uma hegemonia política entre os partidos mais pequenos do centro. Por isso é que o PASOK tomou a liderança nos esforços de um novo partido". Leontitsis defende que se esta estratégia dos socialistas gregos resultar, o PASOK poderá conseguir "uma posição dominante ao centro através do novo partido, evitar competir com um número de pequenos partidos ao absorvê-los numa formação política maior, potencialmente reinventar-se, livre dos seus pecados políticos e da dívida do partido que vinha a ser acumulada nos últimos anos".

No entanto, há questões que poderão ensombrar a criação deste novo partido. Uma delas, segundo os media gregos, o grande número de candidatos é algo que preocupa PASOK e To Potami, que receiam que o foco de atenção seja a corrida à liderança e não o debate em torno do futuro do centro-esquerda na Grécia. Depois há questão da convivência entre o PASOK e o To Potami, que têm uma visão diferente, "e é preciso esperar para ver se as manobras políticas do PASOK são bem-sucedidas ou não", aponta ao DN Vasilis Leontitsis.

As eleições legislativas têm data de realização prevista para outubro de 2019, mas mesmo que sejam antecipadas o seu resultado terá também uma grande influência no futuro desta nova formação de centro-esquerda. "É possível que este novo partido mude o cenário político das próximas eleições. Este novo partido poderá tornar-se decisivo se o partido que ganhar as eleições precisar de um parceiro de coligação para conseguir a maioria do Parlamento. No entanto, se o primeiro partido conseguir uma maioria sozinho, então o papel do novo partido vai continuar bastante marginal", refere o mesmo especialista.

"As próximas eleições não se realizarão tão cedo. A maioria governativa é estável em todos os principais temas fiscais, por isso o Syriza não está agora sob pressão. Ao mesmo tempo, a estratégia do partido do governo é tentar colher as recompensas das reformas sociais que tencionam introduzir no próximo ano, e ir às urnas em 2019, como planeado", vaticina ao DN Dimitris Tsarouhas.

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